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Usar papel higiénico perfumado faz mal? Quais os riscos?

18 Out 2023 - 10:05

Usar papel higiénico perfumado faz mal? Quais os riscos?

Usar papel higiénico perfumado (e, por vezes, também colorido) é um hábito de muitos. Apesar de ser mais caro, há quem acredite que este tipo de papel é mais eficaz a eliminar odores. Mas será mesmo assim? Existem riscos associados à utilização de papel higiénico perfumado?

Usar papel higiénico perfumado faz mal?

papel higiénico perfumado

Em declarações ao Viral, Maria João Carvalho, especialista em ginecologia e obstetrícia, admite que é comum “as mulheres recearem que a falta de higiene na área genital acarrete o desenvolvimento de odores desagradáveis e infeções” e, por isso, recorrerem a produtos como o papel higiénico perfumado.

No entanto, sublinha a ginecologista, “os produtos de higiene perfumados podem estar associados a irritação da pele”. Assim, “perante algum sintoma de irritação ou alterações locais”, a utilização de papel higiénico perfumado “deve ser evitada”.

Segundo a especialista, o mesmo se aplica ao papel higiénico colorido. “Muitas vezes, torna-se difícil estabelecer uma relação causa-efeito”, mas, na visão da médica, “perante o aparecimento de sintomatologia”, deixar de usar estes produtos é um princípio de prudência.

No mesmo sentido, num texto do Centro Médico da Universidade de Rochester (URMC, sigla em inglês), uma das medidas apontadas para prevenir a “inflamação ou infeção da vagina” é evitar “os produtos químicos”, tais como “sprays vaginais”, “papel higiénico perfumado” e “tampões perfumados”. 

Outras formas de prevenção referidas no âmbito da higiene são: fazer duches vaginais apenas com recomendação médica – dado que este é um procedimento “raramente necessário” e que “perturba o equilíbrio da vagina” – e “lavar a zona externa da vagina (vulva) todos os dias com sabão suave e sem perfume”, mantendo-a “o mais seca possível”.

Além disso, recomenda-se uma limpeza “da frente para trás depois de defecar”, já que “isto ajuda a evitar a propagação de bactérias do ânus para a vagina”. Em caso de utilização de tampões durante a menstruação, deve-se “mudar o tampão com a frequência indicada na embalagem”, aponta-se no mesmo texto. 

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Noutro plano, num artigo publicado na Harvard Health Publishing, refere-se que, “em pessoas sensíveis, os produtos químicos e os medicamentos aplicados na zona anal podem causar irritação local ou reações alérgicas”. 

Sendo que, acrescenta-se, “alguns dos principais culpados são os corantes e os perfumes utilizados no papel higiénico”, “os sprays de higiene feminina” e “outros desodorizantes para a zona à volta do ânus ou dos genitais”, “os pós de talco” e “produtos de limpeza da pele”, em especial os perfumados. 

Como escolher o papel higiénico adequado?

papel higiénico perfumado

Maria João Carvalho explica que a limpeza genital ideal “deve associar a água – que remove as partículas hidrossolúveis – a um agente capaz de remover partículas sólidas e resíduos lipossolúveis”. 

No entanto, “não sendo possível a utilização de água e agentes de limpeza durante todo o quotidiano, o acesso ao papel higiénico é uma inevitabilidade”, admite. 

Mas, na verdade, não existe uma resposta certa para o papel higiénico mais adequado para todos, “dada a escassez de estudos cientificamente válidos que recomendem ou não esta utilização”, aponta.

Como esclarece a ginecologista, “a escolha do mais adequado dependerá de uma resposta individual”, considerando que “os produtos utilizados devem ser seguros, contribuir para melhorar o conforto e para a higiene”. 

Além disso, salienta, “os produtos de limpeza não têm o objetivo de esterilizar a região anogenital”, mas, sim, “devem eliminar resíduos e secreções que possam levar à colonização de bactérias e originar infeções”. 

O ideal é que não irritem, nem sequem “em demasia para não alterar a camada lipídica”, mantendo também “o pH ligeiramente ácido”.

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Isto porque, “quando se verifica que desencadeia irritação local, os mecanismos de defesa não funcionarão de forma sinérgica e poderá contribuir para infeções e outras alterações cutâneas”, conclui a especialista.

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Ginecologia

18 Out 2023 - 10:05

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